terça-feira, 3 de junho de 2008

A hora do pesadelo


Texto escrito por Anderson Merisio
Permitam-me dizer que o único dos sete filmes da série em que não peguei no sono foi este primeiro. Também foi o único em que não levantei para ir ao banheiro ou para pegar algo para comer. E também não senti uma vontade imensa de apertar o fast foward e avançar metade do filme. O primeiro filme da série continua imbatível: além de ser, disparado, o melhor dos sete, também é um dos grandes filmes de horror dos anos 80. Ao contrário de seu colega Jason Vorhees - a New Line insistiu em juntar os dois em "Freddy Vs Jason" -, Freddy realmente está assustador neste filme dirigido por Wes Craven em 1984, a partir de uma idéia original sua.
Infelizmente, como também aconteceu com Jason, o personagem viraria mico de circo a partir da terceira parte. Craven nunca foi um cineasta muito sutil. É só olhar para a sua filmografia anterior a este filme (onde estão os violentíssimos "
Last House on the Left" e "Quadrilha de Sádicos") para perceber que ele não brinca em serviço. Por isso, do início ao fim, "A Hora do Pesadelo" é um exercício de puro medo, tensão e sadismo. Não há espaço para piadinhas, humor negro ou tiradas engraçadas no roteiro, que já começa assustador, com um close de mãos doentias fabricando uma luva com navalhas no lugar dos dedos (a cena seria homenageada pelo próprio Craven na sétima parte da série, que começa da mesma forma). Percebe-se, desde o início, a produção barata, que resulta em uma estética intencionalmente suja e sádica.
Entram os créditos e o filme já passa, sem perda de tempo ou maiores explicações, para um close na cara assustada de Tina (Amanda Wyss), que ouve uma voz sinistra chamar por seu nome, ecoando entre corredores úmidos, escuros e cheios de vapor de uma velha fábrica abandonada. Um arrepiante som metálico de navalhas raspadas contra metal anuncia a primeira aparição de Freddy, ou, como é batizado nos créditos, Fred Krueger. Ele persegue Tina até um beco sem saída, mas desaparece. Quando a mocinha acha que está salva, o vilão pula por trás dela.Pow! Tina acorda na cama. Ufa! Foi apenas um pesadelo, pensa Tina, e com ela o espectador, que já vai confortavelmente se ajeitando na poltrona de casa. Mas não era apenas um pesadelo. A menina está com sua camisola rasgada, bem no local onde foi atingida por Freddy. É incrível como neste curto início
Wes Craven apresenta sem muita enrolação aquilo que o espectador vai ver durante o restante do filme: Fred Krueger não é um assassino humano. É um monstro sobrenatural que ataca nos pesadelos de jovens adolescentes. Agora, pare para pensar: existe realmente alguma coisa mais assustadora do que isso? Como é que alguém vai lutar num pesadelo, enquanto está dormindo? Ou seja, Freddy ataca justamente na hora em que você está mais indefeso, dormindo! Em comparação, seria o mesmo do que Jason esquartejar suas vítimas enquanto elas dormem, ao invés de persegui-las pelas florestas de Crystal Lake.O que torna a idéia tão medonha é que num pesadelo, normalmente, você nunca se dá bem. Quantas vezes eu já sonhei que estava sendo perseguido por Michael Myers (pior é que é verdade) e não conseguia correr, por mais força que fizesse nas pernas. A sensação de pânico é tão extrema que você acorda com os olhos arregalados, respirando aliviado por tudo ter sido um pesadelo. Esta é a grande jogada de "A Hora do Pesadelo": nós sabemos, desde o início, que os jovens do filme não têm vez. Fred Krueger é superior a eles a cada minuto. Parece indestrutível. Você pode se esconder de Jason ou de Michael Myers, talvez até correr mais rápido do que eles. Mas é impossível escapar de Freddy! É só você ficar cansado e pegar no sono que ele estará esperando. E, mais cedo ou mais tarde, é isso que acontecerá! Voltando ao filme: quando Tina comenta seu pesadelo com os amigos Nancy, Glen e Rod, eles descobrem que os quatro estão tendo os mesmos pesadelos. É a senha para o espectador saber que algo de estranho está acontecendo. A partir daí, os personagens vão adormecendo e entrando no mundo horripilante dos pesadelos concebidos por Freddy.
Ao contrário do aconteceria posteriormente na série, aqui os pesadelos acontecem em locais comuns: ruas desertas, os corredores de uma velha refinaria e até na escola onde uma das personagens adormece. Não há mundos fantásticos e sobrenaturais, mas sim lugares comuns modificados de forma sobrenatural, onde Fred Krueger reina soberano. Ele persegue suas vítimas e sempre está um passo a frente. Afinal, tudo não passa de um pesadelo, certo? Em determinado momento, Tina convida os três amigos para ficarem na sua casa, pois ela começa a temer os freqüentes pesadelos. Enquanto ela dorme com o namorado Rod, sonha novamente com Freddy, mas desta vez não consegue acordar e é barbaramente mutilada pelo assassino. Na cama, Rod vê os cortes profundos abertos pelas navalhas no peito de Tina, mas não sabe o que está acontecendo - pois ela está sendo morta no pesadelo, e não na vida real. A primeira morte é impressionante também pelo fato de Freddy arrastar o corpo de Tina, que se debate, pelas paredes e pelo teto do quarto (cena tão boa que foi homenageada pelo próprio Craven no sétimo filme). Resumo da situação: Rod é preso como suspeito de matar Tina enquanto Nancy e Glen começam a pensar que há algo de preocupante nos pesadelos que eles têm com Freddy Krueger. Mas eles nem imaginam quem é aquela figura deformada, já que a verdade é escondida por seus pais. Nancy começa a sofrer com os pesadelos, onde não aparece só Freddy, mas também a amiga morta. Em outra cena impressionante, Tina aparece para Nancy dentro de um saco plástico, com uma lagarta saindo da sua boca. Quando Nancy e Glen começam a ter certeza de que o monstro dos seus pesadelos é o responsável pelo assassinato de Tina, Freddy age novamente, aproveitando que Rod pegou no sono na prisão para enforcá-lo com o lençol, fazendo como se o próprio jovem tivesse se suicidado na cela.
Aos poucos, Nancy vai enlouquecendo, enfraquecida na sua tentativa de não mais dormir, temendo a ameaça de Freddy Krueger. É quando seus pais abrem o jogo: eles participaram do linchamento e assassinato de Fred, então um assassino de crianças foragido da lei. O homem foi queimado vivo, e agora estaria aparecendo nos pesadelos dos filhos para se vingar dos pais, que foram os carrascos do matador. Mas a grande pergunta fica no ar: como podem jovens adolescentes lutar contra um maníaco sobrenatural que ataca nos pesadelos? Existe alguma forma de combater a ameaça de igual para igual no mundo dos sonhos? É inegável que Craven perde um pouco a mão no finalzinho. O combate final entre Nancy e Freddy soa meio tolo, com a moça fazendo armadilhas bobas pela casa e conseguindo dar um cacete no vilão que até então tinha se mostrado tão poderoso. Aliás, Nancy se sai uma verdadeira McGyver (lembram de "Profissão: Perigo"?), principalmente quando coloca pólvora dentro de uma lâmpada para fazer um explosivo caseiro! Tirando este pequeno detalhe, "
A Hora do Pesadelo" é pauleira pura! Freddy nunca se transforma em nenhum monstrinho durante os pesadelos. Pelo contrário: aparece totalmente desfigurado e sangue-frio, auto-mutilando-se para apavorar as vítimas. Está sempre rindo de forma macabra, e quando fala é para ameaçar suas pobres vítimas, e não para fazer piadinhas estúpidas - como aconteceria posteriormente.Craven ainda tenta imprimir um tom sério ao filme ao mostrar a degradação física e psicológica da personagem principal, que vai enlouquecendo e enfraquecendo à medida que se vê privada de dormir. A própria atriz Heather Langenkamp parece estar realmente sofrendo à medida que o filme avança, especialmente na cena em que vai, com a mãe, para um tal Instituto do Sono, onde médicos tentam orientá-la sobre como controlar seus pesadelos. O filme também tem diversas cenas assustadoras, especialmente quando os jovens fecham os olhos por um momento e logo acontecem coisas estranhas ao seu redor. O espectador, em certas cenas, não sabe separar o que é realidade e o que é pesadelo - como na já citada cena em que Nancy adormece na escola.Some-se a tudo isso o clima de filme B, com efeitos meia-boca (mas muito bem encaixados na trama), um Freddy Krueger assustador que aparece quase sempre envolto em sombras e um final incrível, que subverte toda a tentativa de heroísmo da personagem principal.Claro que também dá para dar umas boas risadas com a estética "anos 80" do filme. Especialmente com o jovem Johnny Depp exibindo toneladas de spray fixador para fazer o topete do seu cabelo! E não dá para esquecer do típico bad boy latino, o Rod interpretado por Nick Corri, que anda todo de preto, tem brinquinho e carro conversível - além de puxar um canivete em determinada cena do filme, clichê máximo deste tipo de personagem rebelde. Há, também, as "maravilhas" tecnológicas, como os enormes fones de ouvido que Glen coloca para ouvir música no final do filme (lembrando mais aqueles protetores de orelhas que os americanos usam quando neva!). Mas não dá para rir muito disso. Qual é o filme que não envelhece?
"
A Hora do Pesadelo" ainda permite algumas leituras interessantes, embora nem todo fã de horror esteja realmente interessado em fazer análises semióticas das suas produções preferidas. Por exemplo: quem desgrudar os olhos das mortes sangrentas e do belo corpo de Heather Langenkamp vai perceber que todos os jovens do filme têm problemas com os adultos. A mãe de Tina, por exemplo, é separada e está sempre com um homem diferente; Rod é rebelde porque não se relaciona com os pais; Nancy vive em um lar desfeito, onde o pai policial é divorciado e a mãe é alcoólatra, e os pais de Glen não querem que ele namore com Nancy. Logo, é um universo de adolescentes em conflito com seus pais, onde Freddy aparece como um mediador - só não se sabe se é uma metáfora para o impasse ou para o medo dos jovens de crescer e se tornarem adultos problemáticos como seus pais. Claro que é muito esquisito olhar o filme deste modo, mas são tantos detalhes e pistas espalhadas pela trama que não tem como fazer algumas teorias depois de reassisti-lo diversas vezes. Resumindo: um excelente exercício de medo e horror, onde simplesmente não existe o que ironizar: é um ótimo filme de horror, daqueles que não se faz mais nos dias de hoje. Dá até vergonha quando sabemos que o mesmo Craven conseguiu "se vender" para o sistema ao tecer a fraca e convencional trilogia "Pânico". Quando será que ele vai olhar para trás e lembrar que já fez filmes como "A Hora do Pesadelo", sem grandes efeitos especiais, mas com um legítimo clima de horror e medo???


A HORA DO PESADELO (A Nightmare On Elm Street, (EUA, 1984) 92 minutos; Lançado em vídeo pela CBS/Fox Direção e Roteiro: Wes Craven Produção: Robert ShayeProdução Executiva: Joseph Wolf; Stanley DudelsonFotografia: Jacques Haitkin Música: Charles Bernstein; Steve Karshner; Martin Kent; Michael SchurigEdição: Patrick McMahon; Rick Shaine Desenho de Produção: Gregg Fonseca Elenco: Heather Langenkamp (Nancy Thompson), John Saxon (Lt. Thompson), Ronee Blakely (Marge Thompson), Johnny Depp (Glen Lantz), Nick Corry (Rod Lane), Amanda Wyss (Tina Gray) e Robert Englund (Freddy Krueger)

A hora do pesadelo 2: Avingança de Freddy


Texto escritio por Anderson Merisio
A crítica odiou este filme. Os produtores odiaram este filme. Wes Craven odiou este filme. O público em geral odiou este filme. E eu gostei! Hahahahaha.Eu sei que você provavelmente está indignado comigo, pensando: "Pô, esse cara quer pensar diferente de todo mundo", ou "O tal do Guerra é do contra, só gosta do que os outros não gostam, e vice-versa". Mas o que eu posso fazer??? Confesso: gostei mesmo de "A Hora do Pesadelo 2", mesmo sendo um filme de muitos defeitos. Por sinal, foi este o primeiro filme da série que eu vi. Na infância eu infelizmente era obrigado a ver filmes fora de ordem, já que o espectador, naquela época, dependia da boa vontade das emissoras de reprisar os filmes na TV. E o mercado de vídeo ainda era muito fechado, lançando os filmes esporadicamente (não como acontece hoje em dia). Só para citar um exemplo, os filmes da série "Sexta-feira 13" eu também vi todos fora de ordem: primeiro o 4, depois o 1, o 5, o 6, o 2, o 3, o 7, o 8, o 9 e o 10. E a série " Halloween" então? Comecei vendo a parte 3 (que nem tem nada a ver com o resto), depois a 2, a 1, a 4 e depois fui em ordem. Ainda bem que estes filmes não são interligados, pois aí eu não entenderia porcaria nenhuma. Já pensou ver "O Retorno de Jedi" antes de "O Império Contra-Ataca"??? Bem, com essa mania de enrolar, acabo sempre perdendo o fim da meada. Vamos voltar ao começo do texto. Primeiro, uma análise: por que ninguém gosta desta parte 2? Xi, são tantos motivos. Alguns deles: Wes Craven deu risada quando leu o roteiro (o filme foi feito em 1985, apenas um ano depois do sucesso do original) e recusou-se a participar do projeto. O elenco é risível. Há cenas francamente cômicas, onde toda a mitologia do filme original é abandonada quando Freddy pára de atacar nos pesadelos para matar pessoas no mundo real. Em determinado momento, ele até se materializa no mundo real!
Pois é. Apesar de tudo isso, esta segunda continuação é a última da série a mostrar Freddy Krueger como um assassino sangue frio, idêntico ao do filme original. A partir da parte 3 ele vira aquele personagem desagradável sempre com uma piadinha na ponta da língua e refém dos efeitos especiais. É por isso que eu gosto tanto da parte 2, mesmo com todos os seus defeitos. Aqui temos o bom e velho Freddy, aquele vilão que dá medo, que é realmente mau, que quer sangue, que quer eviscerar brutalmente jovens adolescentes. A trama tem alguns elementos recorrentes do filme original. O início, por exemplo, recria o final originalmente previsto para o primeiro filme: um inocente ônibus de estudantes transita pelas ruas de Springwood. Um dos passageiros é o jovem Jesse Walsh. Quando todos descem do ônibus, restando apenas Jesse e duas gatinhas que riem da cara dele, algo estranho acontece: o ônibus sai da estrada e começa a andar velozmente pelo deserto. O motorista se transforma em um personagem horrendo, coberto de cicatrizes de queimaduras e com garras de navalhas em uma das mãos. As meninas gritam e o ônibus pára... equilibrado sobre dois pilares de pedra, sobre um precipício altíssimo! Trata-se de uma cena verdadeiramente aterradora, um verdadeiro pesadelo filmado. Freddy avança sobre suas jovens vítimas. Não há como escapar. O ônibus balança nos pilares, e mesmo que eles escapem pela janela, irão cair no precipício. Jesse acorda com um grito, como aconteceu com Tina no filme original. Logo ficamos sabendo que Jesse e o restante da família Walsh (pai quadradão, mãe xarope e filha pequena) mudaram-se para a mesma casa na rua Elm onde viveu Nancy, a heroína do filme principal. Aos poucos, pelas informações obtidas no filme, ficamos sabendo que Nancy enlouqueceu após ver seu namorado ser morto por Freddy no filme original, sendo internada em um manicômio (o que contraria o final do filme original). Seria muito fácil fazer um filme exatamente igual ao original, onde mais jovens sonhassem com Freddy e fossem mortos por ele. Mas o roteirista David Chaskin quis dar um novo caminho à série - ou então ele simplesmente não viu o primeiro filme! Jesse aqui é o único a ter pesadelos com Freddy Krueger durante todo o filme. Na verdade, o assassino parece não querer mais matar jovens em pesadelo. A sua idéia é usar o corpo de Jesse para exercer sua vingança, matando no mundo real. Ou seja: possuir Jesse, forçando-o a matar, sem a necessidade de suas vítimas estarem dormindo. Interessante, não?
O próprio Freddy explica isso ao jovem em um dos interessante pesadelos do início do filme. Ele diz: "Você vai ser o corpo, e eu o cérebro", e então arranca o topo da própria cabeça, mostrando seu cérebro exposto enquanto ri sadicamente. Jesse, enquanto isso, tem outros planos. Ele quer se enturmar no colégio. Arranjou uma namorada, Lisa (que parece uma jovem Meryl Streep), e uma espécie de amigo/inimigo, Grady. Esta é a uma relação ambígua durante o filme. Ao mesmo tempo em que parecem amigões, os dois saem na porrada o tempo inteiro. Em uma cena, Grady aproveita que Jesse está dormindo na sala de aula para colocar uma cobra sobre o amigo, pode isso? Se eu fizesse uma brincadeira dessas nos meus tempos de escola... Mas é inútil tentar viver uma vida social quando a gente está sendo possuído por Freddy Krueger! O roteiro acaba se complicando logo no começo, em uma das cenas mais ridículas do filme. Existe um treinador no colégio, Schneider, que é o típico sádico que adora maltratar os estudantes. Em meio a um de seus pesadelos, Jesse perambula pela cidade e vai parar, de pijama (!!!), em um bar homossexual (!!!!!!), onde encontra o próprio Schneider vestindo roupas de couro (!!!!!!). O treinador, misteriosamente, leva Jesse para o colégio, de madrugada, e o obriga a dar voltas ao redor da quadra - não se sabe porquê, pois que autoridade o treinador tem fora da escola??????? É quando Freddy possui Jesse pela primeira vez, forçando-o a matar Schneider. O assassinato acontece no mundo real, e não em um pesadelo, como no primeiro filme. Nem Jesse nem Schneider estão dormindo. Foi isso que os fãs do primeiro filme não conseguiram engolir. A propósito: este negócio todo de bar gay é um dos primeiros indícios de que esta continuação, analisada detalhadamente, tem fortes elementos homossexuais. Comecei a perceber isso quando li a teoria de um americano maluco e fã da série na Internet, e me diverti muito, apesar de concordar com alguns detalhes (voltarei a falar sobre este assunto mais tarde). Voltando ao filme, com a morte de Schneider, a própria idéia desta continuação se torna confusa: afinal, Freddy quer vingar-se dos moradores da rua Elm através de Jesse, usando o corpo do jovem para matar, ou quer se transformar no instrumento de vingança do próprio Jesse, matando quem faz mal ao rapaz - neste caso, o próprio treinador Schneider??? Saliente-se que não existia qualquer motivo para Freddy matar o treinador, ainda mais porque suas vítimas são, preferencialmente, jovens adolescentes. Será que o roteirista poderia explicar-nos o porquê desta cena toda (especialmente do suspeito negócio do bar gay)??? Bem, voltando à trama, o jovem Jesse começa a perder sua sanidade, à medida que fatos estranhos começam a acontecer na sua casa, com a sua família, em um dispensável toque de "
Poltergeist" (outra coisa que fica mal-explicada, a não ser que o roteirista queira nos fazer engolir que a casa é mal-assombrada!!!!). Em uma cena, por exemplo, o periquito da família (o pássaro, eu quis dizer; nada de malícia!) foge da gaiola, ataca o pai de Jesse e explode no ar. Trata-se de um dos momentos mais ridículos da história dos filmes de horror!!! Logo, Jesse percebe que não tem como escapar da influência maléfica de Freddy. Ele vai participar de uma festa à beira da piscina na casa de Lisa, mas, quando está para transar com a namoradinha, Freddy estraga tudo quando tenta tirar uma casquinha da garota: uma enorme língua sai da boca de Jesse sobre os seios de Lisa. Desesperado, Jesse foge deixando a fogosa garota na mão, e invade o quarto de Grady, que dorme de sunguinha. Jesse explica que anda estranho e pede para o amigo observar enquanto ele dorme. Mas é inútil: Freddy mostra que é mais forte e literalmente sai de dentro do seu "hospedeiro", num dos melhores e mais violentos momentos de toda a série - o assassino arrebenta o estômago do rapaz e sai deixando pedaços do corpo para trás!!!
Agora o bicho pega: é Freddy Krueger se materializando no mundo real, pode isso? Claro que perde toda a graça, pois os poderes e a força do personagem estão todas no mundo dos pesadelos. No mundo real, ele está mais para Jason e seus imitadores. Mesmo assim, não faz feio: Freddy fatia Grady com suas navalhas e depois ataca a festa na piscina, matando mais uns dez jovens de todas as formas possíveis, inclusive provocando incêndios sobrenaturais pela casa. Sim, a partir deste ponto o filme começa a virar palhaçada. Se no primeiro filme Freddy Krueger era um deus supremo no mundo dos sonhos, a partir de seu retorno ao mundo real ele se limita a correr e perseguir um bando de jovens à beira da piscina! É uma total reviravolta na mitologia da série, como se o roteirista pegasse a idéia inicial de
Wes Craven e mudasse tudo - o que foi corrigido a partir da terceira seqüência, quando Freddy voltou a atacar a partir dos pesadelos. Eu concordo que não foi uma boa idéia para os produtores ter tentado dar este novo rumo ao personagem, mas é inegável que o ataque do psicopata rende um momento sangrento poucas vezes igualado na série, com muitas mortes sangrentas e pânico. E é curioso ver como o psicopata se sai no "mundo real". No final, é a própria Lisa quem confronta Freddy/Jesse, na velha refinaria onde o assassino trabalhava. É um final daqueles "o amor a tudo vence", que podem ser bons em comédias românticas e dramas, mas fica totalmente fora do tom em um suposto filme de terror!!! Menos mal que o filme acaba com uma surpresa, que remete ao início do filme. Descontando todas as viajadas e momentos ridículos da trama, trata-se de um bom filme de terror, onde Freddy é mostrado como um cara mau, caramba! Na cena da festa da piscina, especialmente, ele mata a sangue frio, enfia suas navalhas nos jovens e não quer nem saber de fazer piadinhas ou falar bobagens. A cena da morte de Grady também é chocante: sem hesitar, Freddy esquarteja o jovem indefeso! É este o Freddy Krueger que Wes Craven criou, e não aquele boiola chato dos filmes seguintes (descontando a parte 7). Há ainda um momento curioso em que Jesse e Lisa encontram o diário de Nancy (a jovem sobrevivente do filme original), e lêem as suas últimas anotações, logo depois de Freddy ter matado seu namorado no primeiro filme.Ah sim, já ia esquecendo do conteúdo homo-erótico no roteiro, sobre o qual havia falado no início do texto. Bem, a verdade é que algumas cenas revelam um certo teor homossexual implícito. Vejamos:
- Primeiramente, segundo o que dizem alguns sites na Internet que se dedicam a avacalhar com filmes de todos os gêneros, neste filme Freddy Krueger parece ser uma metáfora para o desejo do jovem Jesse de assumir seu lado gay. Jesse, por sua vez, luta o filme inteiro para que isso não aconteça, mas no fim não consegue mais segurar e o outro lado "aflora" (simbolizado na cena em que Freddy sai "de dentro" do jovem!!!). - Jesse visita um bar gay (hmmm...) e encontra seu treinador, aparentemente um modelo de masculinidade e "macheza", todo vestido de couro. O treinador fica p*to (desculpem o trocadilho) e leva Jesse para o colégio, onde o obriga a dar voltas e voltas na quadra. O jovem nem precisava fazer isso, já que o treinador não tem nenhuma autoridade sobre um estudante fora da escola. Mas seu lado homossexual (representado por Freddy) obrigou-a a fazer isso, tornando-o submisso aos desejos (hmmmm...) do treinador. - Antes de matar o treinador, Freddy/Jesse arranca suas roupas e bate com uma toalha molhada em sua bunda!!! Hahahahahah! Isso não pode estar mesmo acontecendo! Toda vez que eu vejo o filme, eu rolo de dar risada com esta cena! Caramba, porque não bateu com a toalha nas costas, pelo menos??? - Quando Jesse está nos amassos com a namorada Lisa, Freddy (o lado homossexual do jovem, lembram?) se manifesta, fazendo com que Jesse deixe a garota para trás e vá dormir com Grady, o jovem "amigo". E por aí vai. Tente analisar o filme por este ângulo para ver se não há certas cenas muito "suspeitas". Bobagens à parte, Freddy Krueger, enfim, é um vilão, um assassino, um matador, exatamente como mostrado neste filme e no primeiro. E nunca um anti-herói ou um ídolo adolescente, como acabou transformado pelos produtores inescrupulosos. Por isso que este filme merece suas três estrelinhas, mesmo com todos os seus defeitos, e precisa ser visto pelos fãs com um pouquinho menos de senso crítico. O curioso é que apesar de ser tão malhado, o filme foi um sucesso: custou 3 milhões e arrecadou quase 30 milhões de bilheteria, mais até do que o original. Uma prova de que para o bem ou para o mal, todo mundo foi ver esta segunda aventura de Freddy Krueger, o que gerou uma das mais longas e lucrativas franquias do moderno cinema de horror.
CURIOSIDADES- Wes Craven foi originalmente convidado para dirigir a seqüência, mas não só dispensou o convite como ainda saiu falando aos quatro ventos que o roteiro era uma porcaria! -
Robert Englund aparece rapidamente de costas, sem a maquiagem de Freddy, como o motorista do ônibus escolar na primeira cena do filme. - O diretor Jack Sholder simplesmente não conseguia dirigir a cena em que uma enorme língua saía da boca de Mark Patton sobre os seios da sua namorada. Sabem por quê??? Ele não conseguia parar de rir, e deixou a cena para seu assistente filmar. - Kevin Yagher estreou neste filme na maquiagem da série, que fez também nas partes 3 e 4. Yagher é conhecido dos fãs de horror: ele também criou a caveirinha da série "Contos da Cripta" e o boneco Chucky, de "Brinquedo Assassino", além de dirigir a quarta seqüência da série "Hellraiser" (como os produtores exigiram mudanças no filme, ele assinou com o pseudônimo "Alan Smithee"). - O próprio produtor Robert Shaye considerou "um grande equívoco" a cena final, onde Freddy Krueger se materializa no mundo real e mata vários jovens em um churrasco. Em uma entrevista, ele confessou que esta cena deveria ter sido cortada na edição. - Na tal cena do churrasco, Freddy diz aos sobreviventes: "Vocês são todos minhas crianças agora!". A cena foi citada na parte 7, quando Robert Englund participa de um programa de auditório vestido como Freddy Krueger e diz a mesma frase para os jovens na platéia. - Os produtores tiveram que criar uma nova luva para Freddy nesta continuação. A original, usada no primeiro filme, foi roubada. - O técnico de efeitos especiais Rick Lazzarini criou um "periquito demoníaco" para a cena em que o pássaro escapa da gaiola na casa da família Walsh. Na hora de filmar, o diretor Sholder optou por um periquito real. - No início do filme, o motorista do ônibus escolar onde o herói está se transforma em Freddy e sai dirigindo por uma estrada deserta. Originalmente, o primeiro "A Hora do Pesadelo" deveria acabar desta forma. - O filme rendeu 29,9 milhões de dólares na bilheteria, mais do que o original.
A Nightmare On Elm Street 2: Freddy's Revenge (EUA, 1985) Direção: Jack Sholder Com: Mark Patton, Kim Myers, Robert Rusler, Clu Gulager, Hope Lange e Robert Englund..Duração: 97 minutos Lançado em vídeo pela Warner

A hora do pesadelo 3: Os guerreiros dos sonhos


Texto escrito por Anderson Merisio
Depois do fracasso de crítica da parte 2, os produtores resolveram que trazer Freddy Krueger para o mundo real não era uma boa idéia. Além do mais, se ele voltasse a atacar no mundo dos sonhos, poderiam criar cenas fantásticas e repletas de efeitos especiais, mostrando a transformação do vilão em monstros diversos e especialmente mortes mais criativas, diferentes das tradicionais navalhadas. Ironicamente, é a partir desta terceira parte que a franquia começa a desandar, transformando Freddy Krueger no herói da trama e apostando mais nos efeitos especiais do que propriamente na história. Não basta mais mostrar Freddy esquartejando jovens com suas navalhas, e sim bolar mortes criativas para cada vítima, de preferência baseadas nas características de cada uma. Exemplo: Freddy encara uma ex-viciada e suas navalhas se transformam em seringas cheias de heroína. Ele espeta a droga na jovem e fala "What a rush!" ("Que viagem!") enquanto ela morre de overdose. Logo, um Freddy Krueger bem distante daquele assassino assustador dos dois primeiros filmes, que praticamente não falava, mas em compensação retalhava sadicamente as suas vítimas. O pior é que "A Hora do Pesadelo 3" ainda tenta contar uma história, embora depois dos primeiros 40 minutos se perca no festival de efeitos especiais e se torne totalmente chato e repetitivo. Personagens do filme original voltam repetindo seus papéis, para dar alguma relação com as histórias anteriores. É neste filme, também, que se explica a origem de Freddy. O filme começa tétrico, com uma frase de Edgar Allan Poe que diz: "Sonhos. Estes pequenos pedaços de morte. Como eu os odeio!". Brrrrr... Entra aquela música tétrica da série e logo aparece a jovem Kristen (Patricia Arquette, que depois ficaria famosa) lutando para não adormecer. O que, claro, não acontece. Ela sonha que visita a tenebrosa casa na rua Elm, agora abandonada, onde encontra várias vítimas de Freddy. Quando acorda, Kristen vai até o banheiro e é atacada por Freddy, que a faz cortar os próprios pulsos.O primeiro pesadelo é interessante e até faz o espectador acreditar que está diante de um legítimo episódio de "A Hora do Pesadelo". É especialmente criativa a cena em que Kristen entra numa sala repleta de adolescentes enforcados, simbolizando as almas das outras vítimas do assassino.
Logo depois da "tentativa de suicídio", Kristen é internada pela mãe em uma clínica onde também estão outros jovens problemáticos que aparentemente tentaram se matar. Na verdade, todos vêm sonhando com Freddy, que quer matá-los um por um fazendo parecer que é suicídio. Os jovens são o clichê padrão neste tipo de filme: há um paralítico, um mudo, um negro, uma jovem viciada, um falador que constrói marionetes e a jovem esquisita que sonha em ser atriz de TV. Todos são tratados pelo psiquiatra dr. Neil Gordan (Craig Wasson, de "
Dublê de Corpo", tentando dar alguma seriedade ao filme). A história começa a ganhar relação com o original quando entra em cena uma nova psicóloga: trata-se de Nancy Thompson, a única sobrevivente do filme original (e novamente interpretada por Heather Langenkamp). Ela sabe o que existe por trás das tentativas de suicídio dos jovens, e tenta ajudá-los por meio de hipnose e de remédios que inibem o sono. Mas Freddy não desiste e vai matando os jovens um a um.O vilão economiza suas navalhas neste filme. Em uma das mortes mais famosas, ele acaba com a jovem que queria ser atriz esmagando sua cabeça contra a tela da TV, quando ela adormece em frente ao aparelho. "Bem-vinda ao horário nobre, vagabunda!", diz Krueger, antes de acabar com a vida da mocinha. Em outro momento, Freddy dá cabo do falante construtor de marionetes transformando o próprio rapaz em uma marionete, usando filetes de músculos com se fossem cordas para controlá-lo (a única cena realmente impressionante do filme).
A trama ainda sofre uma reviravolta quando Nancy descobre que a jovem Kristen tem o poder de chamar pessoas para dentro de seu sonho (ou pesadelo). Ela então faz uma sessão de hipnose coletiva e todos se encontram no pesadelo, onde descobrem que podem se materializar, como Freddy, naquilo que mais desejam (o paralítico vira um mago, a viciada uma punk, o negro fica superforte, e por aí vai). Não que algum destes superpoderes realmente adiante alguma coisa contra Freddy, que continua sendo o rei absoluto do mundo dos pesadelos. A única forma de destruí-lo está no mundo real, onde o dr. Neil tenta encontrar o policial Donald, pai de Nancy, para recuperar os restos mortais de Freddy e enterrá-los em solo sagrado, a única forma de dar descanso ao psicopata.Esta terceira seqüência até tem alguns bons momentos, mas no geral se perde em suas pretensões. Quando os jovens começam a se encontrar dentro do sonho e adquirem superpoderes para lutar com Freddy, o filme se transforma em uma espécie de palhaçada (infelizmente, este foi o rumo tomado pelos produtores nas seqüências seguintes), mais para um filme de fantasia do que para um verdadeiro filme de horror. Em comparação, é como se o diretor fosse Chris Columbus (de "Esqueceram de Mim"). Nada lembra o filme original de
Wes Craven.Além de Heather, John Saxon, que interpreta seu pai no primeiro filme, também está de volta nesta continuação. E o elenco tem ainda Larry Fishburne (o Morpheus de "Matrix") numa pequena participação como um dos enfermeiros, e a gatinha Jennifer Rubin como interna do manicômio. Ela faria outro filme de horror sobre pesadelos, chamado "Sonhos Mortais".
Sinceramente, acho que "
A Hora do Pesadelo 3" é vazio e não funciona a não ser para o público infanto-juvenil. Uma que os personagens não convencem em nenhum momento, nem mesmo a própria Nancy, que, reparem, não faz quase nada no filme e ainda tem um final inglório. Outra que há furos demais no roteiro. Por exemplo: a certas alturas, aparece o fantasma de Amanda Krueger, a mãe de Freddy, para contar a origem do psicopata e explicar ao dr. Neil o que fazer para acabar com o assassino de uma vez por todas. Pergunta: por que o fantasma aparece apenas para o psiquiatra? Não seria mais lógico aparecer para Nancy, que tinha vivido até um episódio traumático anterior em relação a Freddy? Ou para os outros jovens internados? E reparem que quando o dr. Neil encontra Donald, o pai de Nancy, este não acredita que Freddy existe - mesmo tendo visto o monstro matar sua ex-esposa no final de "A Hora do Pesadelo 1"!!! "A Hora do Pesadelo 3" não tem grandes momentos de medo e violência, diferente do que acontecia nos dois primeiros filmes. Predomina, isso sim, um aspecto de videogame, onde os efeitos especiais são mais importantes que a história. O filme está mais para uma sessão da tarde (e de fato já foi exibido no velho Cinema em Casa, do SBT, que passava lá pelas duas da tarde) do que para um bom filme de horror. E a tendência da série era piorar cada vez mais.
CURIOSIDADES- Convidado pelos produtores,
Wes Craven escreveu um roteiro original que misturava realidade e ficção. O argumento foi totalmente reescrito pelo diretor Chuck Russell, enfurecendo Craven, que desligou-se definitivamente da série. Até que, anos depois, foi convidado pela New Line para dirigir uma sétima parte de "A Hora do Pesadelo" e retomou a idéia que tinha bolado para esta terceira parte. - Logo no início, há uma cena em que um porco assado sobre a mesa de jantar adquire vida e tenta morder Kristen. Como a grana dos efeitos especiais era limitada, a produção não tinha recursos para construir um boneco, então usou um verdadeiro porco assado. Por baixo da mesa, o técnico de efeitos especiais usou a mão para mexer o animal. - No primeiro tratamento do roteiro, os dois amigos de Kristen - Kincaid e Joey - eram mortos por Freddy no final (eles acabaram morrendo somente na parte 4), assim como a psiquiatra dra. Elizabeth Simms. - Priscilla Pointer, que interpreta a dra. Simms no filme, é mãe da atriz Amy Irwing, que foi casada com Steven Spielberg. Amy apareceu em "Carrie, A Estranha" e "A Fúria", ambos de Brian DePalma. - A cena em que Craig Wasson é enterrado vivo pelo esqueleto de Freddy é uma homenagem ao filme "Dublê de Corpo", também de Brian DePalma, feito em 1984 - e onde o mesmo Wasson tem destino semelhante. - Antes de ter a cabeça esmagada por Freddy contra o aparelho de TV, Jennifer assiste a uma cena do filme "Criaturas", de Stephen Herek. - Uma cena do filme foi cortada pela censura americana e não foi incluída nem na versão lançada pela Warner no Brasil (mas está no DVD importado): quando Joey é seduzido pela enfermeira, ela tira a roupa e deita sobre o rapaz. Aí entra a cena cortada: seu rosto se transforma no de Freddy, mas com o mesmo corpo perfeito da modelo Stacey Alden. Para ironizar, Freddy diz: "O que há de errado, Joey? Pensei que você gostava do meu corpo!".- Robert Englund improvisou a famosa fala "Bem-vinda ao horário nobre, vagabunda!", que Freddy diz antes de esmagar a cabeça de Jennifer contra a TV. Esta frase não estava no roteiro.
A Nightmare On Elm Street 3: Dream Warriors (EUA, 1987) Direção: Chuck Russell Com: Heather Langenkamp, Patricia Arquette, Craig Wasson, Larry Fishburne, John Saxon e Robert Englund..Duração: 97 minutos Lançado em vídeo pela Warner

A hora do pesdelo 4: O mestre dos sonhos


Texto escritio por Anderson Merisio
Um dos momentos mais fracos da série é esta quarta continuação que, surpreendentemente, foi a melhor recebida pelo público, arrecadando a maior bilheteria de toda a série - e sendo considerada, por muitos, como a melhor seqüência! O filme estabeleceu de vez o padrão "pop" da franquia: mortes engraçadas, Freddy fazendo piadinhas antes de exterminar suas vítimas, efeitos especiais de primeira linha e sucessos de rock e pop rock durante todo o tempo de projeção, substituindo a música tétrica dos primeiros filmes. Perde-se, assim, definitivamente o rótulo "filme de horror" para virar uma grande "matinê Freddy Krueger", sem momentos pesados ou grandes cenas de violência. O filme é tão fraco que nem me recordo direito dos detalhes, por isso vou falar genericamente sobre este segmento dirigido por Renny Harlin (que vinha do interessante filme B "Prison", lançado por aqui como "Duro de Prender"). Aliás, uma das minhas memórias mais fresquinhas sobre este filme é que ele foi lançado no Brasil no mês em que o SBT exibiu "pela primeira vez na televisão" a parte 3, "Os Guerreiros dos Sonhos". Lembro até hoje que em cada intervalo do filme exibido pelo SBT entrava o trailer da parte 4, e eu, um pirralho na faixa dos 11 anos, me emocionava, apesar de saber que meus pais não me deixariam ir ao cinema para ver um filme do gênero - hoje vale tudo e a pirralhada é capaz de entrar no cinema até para ver filme pornô!!! "A Hora do Pesadelo 4" começa com Freddy Krueger ressuscitando à la Jason, apesar de sua "morte" no final do filme anterior, quando seus restos foram sepultados em solo sagrado. Claro que a primeira coisa que ele faz é partir para o extermínio dos jovens sobreviventes do filme anterior. Kincaid e Joey são interpretados pelos mesmos atores de "A Hora do Pesadelo 3" (Ken Sagoes e Rodney Eastman), mas Patricia Arquette não quis repetir seu papel de Kristen, sendo substituída por Tuesday Knight.
Freddy mata Kincaid e Joey antes, numa única noite (pelo roteiro original, seria em dias diferentes). Kincaid morre em um ferro-velho, e Joey é sugado para dentro do seu colchão d'água, onde vê uma bela mulher tomando banho de sol, como se estivesse na praia! Caramba, será que ninguém teve vergonha na cara de tentar vender este filme como sendo de horror? É claramente uma comédia, para o bem ou para o mal. Enfim, com a morte dos dois parceiros, Kristen suspeita do retorno de Freddy Krueger e, antes de morrer também, passa seu poder para a amiga Alice Johnson (Lisa Wilcox). Que poder??? Ora, assista a parte 3, cara! Ela tem o poder de chamar outras pessoas para o sonho dela, lembrou??? Quando Alice começa a trazer outros amigos para seus sonhos, acaba fazendo justamente o joguinho de Freddy, que ganha novas vítimas fresquinhas. Mera desculpa para mais um show de efeitos especiais, claro. A morte mais marcante do filme é aquela em que o assassino faz com que uma gatinha se transforme lentamente em barata, para depois esmagá-la com o pé. Mas tudo soa ridículo e sem propósito. No final das contas, porque Freddy não usa mais as suas garras de navalha para matar, ao invés de ficar fazendo estas frescuras todas com suas vítimas??? Será uma cópia do "estilo Jason" de matar criativamente??? Seja como for, o duelo final se dá entre Alice e Freddy. A maior curiosidade é que a heroína conhece, durante o filme, um rapaz chamado Dan (Danny Hassel). O casal volta na
parte 5 (caso raro na série), e interpretado pelos mesmos atores. O trabalho de Harlin na direção é digno de um videoclip. Sai a música sinistra dos filmes anteriores e entra pop rock nas cenas de suspense e horror. Saem os momentos sérios e assustadores para dar lugar às tiradas divertidas de Freddy e ao humor negro dominante na história. O cineasta nunca mais iria se aventurar pelo gênero, preferindo fazer filmes de ação como "Duro de Matar 2" e "Risco Total" - aparentemente, este tipo de produção é mais a sua praia.
No fim, "
A Hora do Pesadelo 4" nunca se decide entre ser um filme de horror com estilo próprio, uma continuação caça-níqueis de uma franquia lucrativa ou uma comédia de humor negro "ligeiramente" inspirada nos personagens criados por Wes Craven. Sorte que o nível melhorou um pouquinho na parte 5.
CURIOSIDADES- O produtor Robert Shaye faz uma participação especial como um conferencista, mas escondeu-se atrás do pseudônimo "L. E. Moko". - A scream queen e rainha dos filmes B
Linnea Quigley aparece por segundos como uma das almas no peito de Freddy Krueger. - O nome do restaurante em que Alice trabalha se chama "Crave Inn", uma brincadeira com o sobrenome do diretor do filme original, Wes Craven. - Apesar de ter brigado com os produtores na parte 3, Wes Craven aparece nos créditos iniciais como roteirista (mas o crédito é apenas por ele ter criado os personagens). - Um dos roteiristas do filme é Brian Helgeland, que posteriormente dirigiria "O Troco", com Mel Gibson, e escreveria roteiros melhores, como o de "Los Angeles - Cidade Proibida". - O outro roteirista chama-se "Scott Pierce". Na verdade é um pseudônimo que encobre os nomes do diretor Harlin, de Michael De Luca e dos irmãos Jim e Ken Wheat, que ajudaram no roteiro mas preferiram não se identificar, talvez com vergonha na cara pelo filme ser tão ruim. - Quando as filmagens desta quarta parte começaram, nem havia um roteiro. A própria produtora Rachel Talalay (que dirigiu a parte 6) assumiu que este filme foi feito com idéias de pesadelos que não foram aproveitadas nos três primeiros filmes. - "A Hora do Pesadelo 4" tem um tom de auto-paródia semelhante ao de "Sexta-feira 13 parte 6". Se neste filme Jason parodia a abertura da série James Bond, aqui Freddy satiriza a série "Tubarão", quando suas garras aparecem no mar como a barbatana de um tubarão. - Quando Alice vai ao cinema, o filme em cartaz é "Reefer Madness: The True Story", um dos primeiros sucessos da produtora New Line, feito em 1985 por Kent Skov e inédito no Brasil (só para variar). - A bela garota que aparece dentro da cama d'água de Joey é Hope Marie Carlton, que foi coelhinha da Playboy. - Este foi o filme mais lucrativo da série, rendendo exatos 49,4 milhões de dólares!!!
A Nightmare On Elm Street 4: The Dream Master (1988, EUA) Direção: Renny HarlinCom: Lisa Wilcox, Tuesday Knight, Rodney Eastman, Danny Hassel, Andras Jones, Yoy Newkirk e Robert Englund...Duração: 92 minutos Lançado em vídeo pela Fox Home Vídeo

A hora do pesadelo 5: O maior horror de Freddy


Texto escrito por Anderson Merisio
O verdadeiro subtítulo desta quinta continuação é "The Dream Child", mas a distribuidora nacional quis vender seu peixe e anunciou "o maior horror de Krueger", quando, na verdade, trata-se de apenas mais um filme mediano na linha de tudo o que foi feito na franquia a partir da parte 3. Ou seja: muito rock na trilha sonora, um show de efeitos especiais e as tiradas divertidas de Freddy matando o clima de mistério e horror que reinava nos dois primeiros filmes. A surpresa é que esta parte 5 realmente é interessante, diferente das horríveis partes 4 e 6. Mesmo com os exageros típicos da série, o filme ainda mantém a atenção do espectador com alguns momentos um pouco mais fortes, apesar da história ser totalmente ridícula. É preciso lembrar, entretanto, que o filme foi produzido exatamente no momento em que Freddy Krueger estava no auge, com a popularidade em alta entre a garotada do mundo inteiro. O cara já tinha até uma série de TV própria, coisa que nem o Jason conseguiu (apesar de existir uma série chamada "Sexta-feira 13 - O Legado", ela nada tinha a ver com Jason). Além disso, vendia pôsteres, revistas em quadrinhos, álbuns de figurinhas, brinquedos e qualquer outra coisa que tivesse a sua "carinha linda". Lembra das luvas de brinquedo do Freddy lançadas pela Glasslite? Pois é, foi mais ou menos nesta época.
Nestes termos de 'Freddy superstar", qualquer porcaria com o nome "Freddy Krueger" ou "Nightmare on Elm Street" vendia horrores. Por isso, os produtores nem tinham qualquer intenção de tentar uma variação na série. Afinal, já tinham tentado isso com a mal-sucedida parte 2 e deu no que deu. Freddy estava nas graças do público? "Ótimo, então façam um filme mais ou menos igual ao outro que vai dar bilheteria igual!", deve ter recomendado algum alto executivo da New Line Cinema. Até o próprio
Robert Englund aproveitou para tirar sua casquinha, pedindo um salário maior (metade do orçamento do filme, praticamente). Enquanto isso, Wes Craven andava puto da cara com a New Line porque eles faziam filmes atrás de filmes com o personagem que ele inventou e não lhe pagavam royalties. Entendam: na época, Freddy Krueger era a maravilha da New Line, então ainda uma produtora pequena. Hoje a mesma New Line produz filmes do cacife da trilogia "O Senhor dos Anéis", mas no final dos anos 80 Freddy Krueger era a grande mina de ouro da empresa, que espremeu o bagaço até o fim sem vergonha na cara. Bem, voltando ao "A Hora do Pesadelo 5", o detalhe curioso é o retorno do casal Alice e Dan (interpretados pelos mesmos Lisa Wilcox e Danny Hessel do filme anterior). Este já começa com o casal transando, só para não perder tempo no "plot": Alice engravida e Freddy Krueger, que estava aprisionado no "limbo", retorno graças aos sonhos do bebê.
E é isso. Não há mais nada a contar sobre o roteiro. Uma vez livre da sua "prisão", Freddy começa a matar os amigos de Alice e seu próprio namorado, ao mesmo tempo em que caça a própria heroína. São apenas três mortes no filme inteiro, mas elas valem por não apelar para o humor puro e simples. A de Dan está entre as melhores da série: ele adormece enquanto dirige e tem seu corpo fundido ao de uma motocicleta. O resultado é um "homem-máquina" bizarro e ensangüentado que lembra os melhores desenhos de H. R. Giger! (Detalhe: a cena sofreu severos cortes nos EUA devido à sua extrema violência).A morte engraçadinha do filme é a de Greta (Erika Anderson), nova amiga de Alice (não era citada no filme anterior), que tem bulimia e é forçada por Freddy a comer até explodir. A cena é grotesca, com efeitos especiais exagerados e nojentos.
Por fim, a morte curiosa é a de Mark (Joe Seely), que é sugado para dentro de uma história em quadrinhos e vira super-herói, mas perde, obviamente, para o "Super Freddy", sendo retalhado e transformando-se num monte de papel picado. O que faz toda a diferença é a assinatura de Stephen Hopkins na direção. Diferente de Chuck Russell (
parte 3) e Renny Harlin (parte 4), e assim como Wes Craven e Jack Sholder (parte 2), Hopkins sempre teve afinidade com o gênero horror. Antes de fazer esta quinta parte de "A Hora do Pesadelo", ele tinha dirigido vários episódios da série televisiva "Contos da Cripta". Depois, voltaria a trabalhar em uma continuação de filme de sucesso: "Predador 2". Hopkins consegue dar ritmo ao filme sem transformá-lo em videoclip, como fez Harlin na parte 4. Há algumas cenas verdadeiramente assustadoras, inclusive o duelo final entre Alice e Freddy, numa espécie de castelo medieval repleto de escadas e passagens que levam a lugar nenhum. No geral, entretanto, o filme perde feio na comparação com o original, já que insiste em tratar o espectador como idiota e não oferecer nenhuma novidade (a simples descrição do roteiro já mostra o que esperar). Existe, apenas, uma pequena variação na forma adotada por Freddy para matar suas vítimas. Ganha pontos por conter o exagero na carnificina, mas faz falta uma história melhorzinha, ou pelo menos uma tentativa de tentar dar outro rumo à série.
Rachel Talalay tentou este "novo rumo" na próxima parte, a sexta. E caiu do cavalo!
CURIOSIDADES- Boa parte da cena de morte de Dan, que é fundido com sua motocicleta, foi cortada pelos censores americanos por sua extrema violência. - Outras cenas sangrentas foram retiradas voluntariamente pelos produtores para que o filme recebesse uma classificação mais branda da censura, garantindo, assim, uma maior bilheteria. Estas cenas estão na versão lançada em DVD só nos Estados Unidos. - Enquanto o filme era realizado,
Wes Craven entrou na Justiça com um processo contra a New Line. Ele argumentava ter os direitos de criação do personagem Freddy Krueger, e que a produtora não estava pagando os devidos royalties. Craven perdeu a causa. - Robert Englund exigiu cinco milhões de dólares de cachê para voltar a interpretar Freddy neste filme. Trata-se da metade do orçamento desta continuação! - Este foi um dos filmes menos lucrativos da série, rendendo apenas 22 milhões de bilheteria. Em termos de público, só perdeu para a parte 7, que arrecadou míseros 18 milhões.
A Nightmare On Elm Street 5: The Dream Child (1989, EUA)Direção: Stephen HopkinsCom: Lisa Wilcox, Danny Hassel Whitby Hertford, Beatrice Boepple e Robert Englund...Duração: 90 minutos Lançado em vídeo pela Alvorada Vídeo

O pesadelo final - A morte de Freddy


Texto escritio por Anderson Merisio
"O horror, o horror", já dizia o personagem de Marlon Brando em "Apocalypse Now". Pois as sábias palavras de Brando são a melhor forma de definir este ridículo caça-níqueis que revela toda a cobiça vergonhosa de uma produtora tentando tirar o máximo de proveito de sua franquia mais popular. Até imagino os executivos da New Line Cinema conversando em sua bonita e arejada sala de reuniões: "Bem pessoal, a parte 5 rendeu a metade da bilheteria da parte 4. O que vamos fazer?", pergunta um dos executivos. Outro, perdendo a oportunidade de ficar quieto, responde: "Por que não anunciamos o próximo filme como se fosse o último e matamos Freddy de vez... pelo menos por um tempo?".E assim fez a New Line. Com uma esmagadora campanha de marketing prometendo que este seria o último filme da série (hahahaha), e ainda 15 minutos em terceira dimensão para levar os pirralhos (inclusive eu, na época) para o cinema, a produtora tinha uma verdadeira mina de ouro nas mãos. Faltou só um detalhe essencial: o roteiro. Todo o filme é um erro monstruoso calcado na simples premissa de que, nos 15 minutos finais, em terceira dimensão, Freddy Krueger deveria morrer. Ninguém pensou que antes destes quinze minutos deveria haver pelo menos uns outros 75 minutos com um enredo razoável para manter a atenção do espectador. E o resultado é o desastre que é este filme, o pior da série e um dos filmes de horror mais fracos e caça-níqueis que já vi (e revi, infelizmente) na vida. A diretora Rachel Talalay foi produtora de alguns dos filmes anteriores e devia pelo menos um pouco de respeito ao personagem de Freddy, retratado o filme inteiro como um pateta que fica fazendo brincadeiras sem graça. Em alguns momentos, "Pesadelo Final" lembra uma comédia do grupo inglês Monty Python, e não um filme de horror.
O filme se passa "10 anos no futuro", em relação ao filme anterior. Freddy conseguiu exterminar todas as crianças de Springwood, mas, de alguma forma, permanece preso à cidade (isso não é bem explicado, ou eu dormi quando explicaram isso). Só existe um jovem sobrevivente da maldição, que no início tenta fugir da cidade devastada e acaba perdendo a memória ao chegar a um município vizinho. Ele é recolhido a uma instituição de jovens problemáticos dirigida pela dra. Maggie Burroughs (Lisa Zane), onde garotos-problema passam por terapia para superar o vício de drogas ou o abuso dos pais. O mistério em torno de John Doe (João Ninguém) logo vai se revelando aos poucos: ele tem um recorte de jornal que fala sobre Springwood. A psicóloga então resolve voltar à cidade levando John e três garotos que se esconderam na van para fugir da instituição - Carlos, Spencer e Tracy.
Sem crianças e adolescentes, Springwood virou uma cidade bizarra habitada por adultos esquizofrênicos, que enxergam crianças imaginárias em toda a cidade. Na escola, um professor maluco ensina a história do mundo com Freddy Krueger como personagem. São detalhes cômicos, e não assustadores, mas ninguém parou para pensar nisso na hora em que o filme estava em produção. Logo Maggie descobre sobre a lenda de Freddy Krueger e que ele estaria planejando atacar outras cidades guiado pelo seu filho, fruto de um breve casamento quando ele ainda era vivo. Inicialmente, as suspeitas recaem sobre o próprio John. Mas quando o assassino mata o jovem, Maggie tem a certeza de que é ela a filha de Freddy.
Os primeiros 75 minutos do filme são uma desculpa para as tradicionais mortes criativas, as mais cômicas e menos assustadoras de toda a série. Fã de videogames, Spencer é sugado para dentro da TV e vira personagem de um jogo, sendo espancado por Freddy, que controla os movimentos do jovem usando um joystick (a cena é patética, transformando Freddy definitvamente em piada). Para piorar, o Spencer do mundo real, fora do pesadelo, pula e se movimenta como o Spencer personagem de videogame do pesadelo! É ver para crer! Já Carlos, que usa aparelho para surdez, se vê às voltas com um Freddy malandro que tortura o jovem riscando suas unhas de navalha em um quadro negro, até fazer a cabeça da vítima explodir. Que saudades do tempo em que o assassino usava suas navalhas para matar, e não para ficar riscando um quadro negro em mais uma morte ridícula e pastelão!!!
E o que dizer de John??? Ele sonha estar caindo e Freddy corta as cordas do seu pára-quedas, fazendo com que o jovem aterrise bem em cima de uma daquelas camas de faquir, cheias de pregos. Hahahaha. Cada momentos do filme me lembra aqueles desenhos animados do Tom & Jerry ou do Papa-léguas, onde vemos freqüentemente bobagens do gênero. Mas sinceramente: faz sentido uma coisa dessas num filme de horror???Sendo as únicas sobreviventes, Maggie e Tracy voltam para a instituição, libertando Freddy da sua prisão em Springwood para matar em outras cidades. Auxiliada pelo "Doutor" (Doc) interpretado por Yaphet Kotto (meu Deus, nem se preocuparam em escrever um nome decente para o personagem!!!), Maggie resolve enfrentar o papai de igual para igual, trazendo-o para o mundo real como fez Nancy no primeiro filme. Existem ainda outras citações a desenhos animados: no final, por exemplo, a filha dá cabo do pai colocando uma banana de dinamite em seu peito!!! Hahahaha. A boa e velha babana de TNT que o Jerry freqüentemente usava para explodir o Tom. Legal seria se o Freddy ficasse com a cara cheia de fuligem preta depois da explosão! Aí sim viraria palhaçada de vez! O mais surpreendente é que todo mundo está levando o filme a sério, mesmo com o clima pateta e ridículo que impera na produção. Talvez Rachel Talalay estivesse fazendo esta continuação para os seus filhos pequenos, que achavam o Freddy muito fofo e divertido. Até tenta achar uma explicação para os poderes sobrenaturais do vilão, que teria feito um pacto com uns tais "Deuses dos Sonhos" (umas cobras demoníacas, ou algo assim) antes de morrer queimado.
O resultado deste festival de bobagem e pretensão é tão grotesco e cômico que no IMDB (o Internet Movie Data Base) "A Hora do Pesadelo 6" está cadastrado nos gêneros horror e comédia (mas de horror não tem nada, deveria ficar só como comédia).Rachel Talalay deveria ter sonhado com Freddy depois do lançamento deste filme, quando pelo menos o assassino poderia se vingar da humilhação que sofreu nesta porcaria... No fim, o mais irônico é a tagline do filme: "Eles guardaram o melhor para o final". Argh! Imagine agora quando eles lançarem o pior!!!
CURIOSIDADES- O filme começa citando uma frase do célebre filósofo Friedrich Nieztsche sobre sonhos, e emenda a popular "Bem-vinda ao horário nobre, piranha!", dita por Freddy a uma de suas vítimas no terceiro filme da série.
- Wes Craven foi o primeiro diretor cogitado para dirigir este "último" episódio. Com a sua recusa, entrou Rachel Talalay, que nas continuações anteriores era uma das produtoras. Foi sua estréia na direção (ela faria também o cult movie "Tank Girl"). - Robert Shaye, que sempre foi produtor dos filmes da série, faz uma ponta como o vendedor de passagens na estação rodoviária, no pesadelo de John. - Esta seqüência e a parte 5 são as que menos têm mortes: apenas três (sem contar a de Freddy, claro). - O efeito em 3D visto nos cinemas permitia enxergar a cabeça de Freddy vindo em direção à platéia quando seu corpo explodia, no final do filme. - Lisa Zane, atriz que interpreta a filha de Freddy no filme, é irmã de Billy Zane, o ator de "Titanic" e do fiasco "O Fantasma". - Entre as participações especiais está a de Johnny Deep, que estreou no cinema no primeiro "A Hora do Pesadelo". Ele aparece em um programa de TV mostrando "o cérebro de um drogado", ou seja, um ovo fritando, antes de ser atingido por Freddy no rosto com uma frigideira. - Humoristas famosos nos Estados Unidos, Tom Arnold e Roseanne também fazem pontas no filme, como um casal de malucos de Springwood. - Por fim, há a ponta não-creditada do roqueiro Alice Cooper, que faz um dos violentos padastros do jovem Freddy Krueger - e dá uma surra de cinta no futuro assassino. - A "power glove" que Freddy usa para matar Spencer era uma novidade tecnológica dos videogames na época em que o filme foi feito. Tratava-se de uma luva enorme com o joystick acoplado ao pulso do jogador, que não emplacou. - Nos créditos finais, aparecem cenas dos filmes anteriores da série e também uma foto de Freddy Krueger e a inscrição RIP (Rest in Peace, ou "Descanse em Paz").
Freddy's Dead: The Final Nightmar (1991, EUA)Direção: Rachel TalalayCom: Robert Englund, Lisa Zane, Yaphet Kotto, Alice Cooper e Johnny DeppDuração: 87 [insuportáveis] minutosLançado em vídeo pela América Vídeo

A hora do pesadelo 7: O novo pesadelo


Texto escrito por Anderson Merisio
Será que alguém realmente acreditou que o tal "Pesadelo Final" seria o último?Se nem "Halloween 2" foi o último, nem "Alien 3" (onde Ripley morre no final) e nem "Sexta-feira 13 parte 4 - Capítulo Final" foram os últimos, Freddy Krueger teria que voltar mais cedo ou mais tarde para engordar a conta bancária da New Line Cinema. A diferença é que aqui a produtora resolveu investir justamente no que faltava nos episódios anteriores da franquia: roteiro e talento. Seria muito fácil fazer mais um filme idêntico aos demais, como sempre fez a Paramount nos oito primeiros filmes da série "Sexta-feira 13". Felizmente, os produtores de "A Hora do Pesadelo" resolveram buscar este diferencial e até convidaram Wes Craven, o diretor do filme original, para comandar um triunfante retorno de Freddy Krueger às telas. Entretanto, mesmo com uma ótima idéia, "O Novo Pesadelo" não emplacou nas bilheterias, resultando na morte (até agora) da franquia. Wes Craven foi corajoso ao abandonar tudo que tinha sido feito desde que ele dirigiu "A Hora do Pesadelo 1", em 1984. Exatos dez anos depois, resolveu contar uma história misturando realidade e ficção (o roteiro foi escrito por ele). É o grande trunfo do filme, que volta a apresentar um Freddy Krueger sinistro e assustador, diferente do personagem humorista dos filmes anteriores, transformado em piada graças à incompetência de roteiristas e diretores fracos.
"O Novo Pesadelo" começa praticamente idêntico a "A Hora do Pesadelo 1": mãos doentias fabricam uma luva com dedos de navalhas. A diferença é o modelo mais tecnológico da luva e o "corta" gritado pelo diretor Wes Craven, que aparece em cena interpretando ele mesmo. Sim, o filme começa mostrando exatamente as filmagens de um novo filme da série "A Hora do Pesadelo" ! Metalinguagem total (que o próprio Craven autoplagiaria no início de "Pânico 2", também dirigido por ele). Craven não perde a chance de brincar com atores e produtores da série, além de esculhambar com a idéia de Freddy ter se tornado um ídolo pop (algo com que ele nunca concordou). O filme acompanha o drama da atriz Heather Langenkamp (interpretada pela própria, claro), que vem recebendo telefonemas anônimos citando frases de "A Hora do Pesadelo". E, também, tem tido pesadelos horríveis envolvendo a morte de seu marido, Chase (David Newsom), por Freddy. Paralelamente, Los Angeles é sacudida por um devastador terremoto. O início é brilhante por acompanhar a rotina de Heather, especialmente quando ela é convidada a participar de um programa de TV ao lado de Robert Englund (que também aparece interpretando ele próprio, brincando com a fama do seu personagem). Mas logo fenômenos estranhos começam a acontecer, e seu filho Dylan (Miko Hughes) fica cada dia mais estranho.
Quando Chase morre em um acidente automobilístico (causado por Freddy), Heather vai conversar com Wes Craven e descobre que Freddy Krueger realmente existe. Trata-se de uma entidade sobrenatural que estava presa aos filmes feitos sobre ela. Com o final da série, ficou livre e passou a matar. O duelo acontece entre Heather e um Freddy renovado, com uma maquiagem mais bem realizada. Outros atores do filme original aparecem em rápidas participações, incluindo John Saxon e Nick Corri (que interpretava Rod em "A Hora do Pesadelo 1"), além de Tuesday Knight (a Kristen da parte 4) e Robert Shaye (o produtor de todos os filmes da série). O destaque é quando Heather sonha que está dentro de uma cena de "A Hora do Pesadelo" e Saxon reaparece interpretando seu pai, Donald Thompson. Outro momento interessante mostra Heather ligando para Robert Englund para avisá-lo de que está sonhando com Freddy. "Quer dizer que está sonhando comigo?", pergunta o ator. Há muitas outras citações ao filme original, como quando Heather atende ao telefone e a língua de Freddy sai do aparelho - idêntico ao que aconteceu em "A Hora do Pesadelo".Estas brincadeiras e citações valorizam o filme, que perde um pouco o rumo no final, praticamente idêntico ao dos filmes anteriores - ou seja, com a heroína lutando contra o vilão no mundo fantasioso dos pesadelos. Craven poderia ter bolado uma coisa mais imaginativa, permanecendo no mundo real, sem a necessidade de apelar para o mesmo desfecho feijão-com-arroz que permeou os outros filmes da série. Mesmo assim, a coragem e a criatividade do diretor/roteirista em fugir ao lugar comum fazem deste sétimo episódio o melhor depois do primeiro. Um real filme de horror e suspense, sem piadas fora de hora, gracinhas forçadas e humor negro de programa de TV - como nas partes 3 a 6. É assistir e levar alguns sustos com o bom e velho Freddy Krueger de antigamente!
CURIOSIDADES- Ao ser convidado pela New Line para dirigir o sétimo episódio de "A Hora do Pesadelo", Wes Craven assistiu todos os seis filmes da série antes de elaborar um roteiro. Foi quando resolveu abandonar a idéia de uma continuação das histórias já existentes e fazer um novo roteiro misturando vida real e ficção, como ele queria fazer, anos antes, na terceira continuação. - Jessica Craven, filha do diretor Wes, interpretou uma das enfermeiras na cena do hospital. - Outra enfermeira é interpretada por Lin Shaye, esposa do produtor Robert Shaye, e apareceu também no filme original como uma professora. - O filho de Heather Langenkamp no filme, Dylan, é interpretado por Miko Hughes, que interpretou o menino Gage em "O Cemitério Maldito". - A idéia da luva com visual futurista mostrada no filme foi tirada do desenho do cartaz do primeiro filme da série, que mostrou as garras de Freddy com um visual mais tecnológico. - Os créditos finais anunciam "Freddy Krueger as Himself" (Freddy Krueger interpretando ele mesmo). - No final dos créditos aparece a seguinte mensagem: "Algumas partes deste filme são inspiradas em fatos reais. Outras partes podem ser atribuídas à imaginação fértil de um garoto de cinco anos de idade. Os nomes de alguns personagens retratados foram mudados para proteger os inocentes. Alguns incidentes mostrados foram dramatizados. Com exceção daqueles indivíduos corajosos que interpretaram a si próprios, qualquer semelhança com nomes, personagens ou com a história de qualquer pessoa, viva ou morta, é apenas coincidência."- Na cena do hospital, alguém pede o passe a Heather e ela responda: "Foda-se o passe!". Mesma frase dita pela sua personagem, Nancy, no filme original, quando saía da sala de aula durante um pesadelo.
- Wes Craven tinha a idéia de chamar Johnny Depp para participar do filme como ele mesmo, brincando com a idéia do ator ter alcançado fama em Hollywood depois de estrear no cinema fazendo o primeiro "A Hora do Pesadelo". Como o ator já tinha feito uma participação especial na parte 6, Craven achou melhor não convidá-lo. Quando o filme estreou, Depp ficou sabendo da idéia e comentou com o diretor que adoraria ter participado da produção. - Ao participar de um programa de auditório caracterizado como Freddy Krueger, Robert Englund diz à garotada na platéia: "Vocês são todos meus filhos agora!!!" - como Freddy tinha dito na cena do churrasco de "A Hora do Pesadelo 2". - Este é o segundo filme da série em que Robert Englund aparece de cara limpa, sem a maquiagem de Freddy Krueger. A outra participação foi na parte 6, em uma rápida cena que mostra Freddy antes da sua morte. - A morte de Julie no hospital é uma citação à morte de Tina (Amanda Wyss) no "A Hora do Pesadelo" original. - As cenas de terremoto mostradas no filme foram filmadas um mês antes de um enorme terremoto que provocou muitos estragos em Los Angeles durante o ano de 1994. Para economizar dinheiro, depois que aconteceu o verdadeiro terremoto, Craven mandou uma unidade filmar estragos reais provocados pela natureza, que foram inseridos na montagem do filme - economizando nos efeitos especiais e garantindo realismo ao filme. - Apesar das críticas favoráveis, esta foi a continuação que menos rendeu: apenas 18 milhões de dólares.
Wes Craven's New Nightmare (1994, EUA)Direção: Wes CravenCom: Robert Englund, Lisa Zane, Yaphet Kotto, Alice Cooper e Johnny DeppDuração: 112 minutosLançado em vídeo pela América Vídeo